sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Baruch Espinosa o Filósofo da Liberdade!



Você provavelmente já deve ter ouvido falar dele, mas não conhece a fundo a sua opinião acerca da religiosidade nem suas críticas ao conjunto de regras metódicas fundamentadas no medo, na melancolia e nas privações necessárias para se alcançar o reino de Deus. O exercício da intolerância com aquilo que difere dos ditames sagrados criados pelo homem para aprisionar o próprio homem.
A imposição de uma religião em favor da Salvação sem ao menos se importar em conhecer ou mesmo respeitar a cultura dos povos diversos. A competição entre as diversas religiões que não coexistem entre si, subjugando umas melhores que outras.
Sabemos que a Religião é a maior manifestação cultural de um povo, é aquilo a que nos agarramos quando tudo parece perdido, é a um Ser supremo, único e perfeito que rogamos por nossa proteção e suplicamos graças, tenha ele o nome e aparência que tiver. Uma manifestação criticada em parte pelo filósofo Baruch de Espinosa que defendia um Deus despido de toda a sua divindade e austeridade, que não impõe regras e dogmas rígidos a serem seguidos. Um Deus que preza acima de tudo a liberdade, a tolerância, a alegria e o amor entre os seus filhos.
Espinosa era contra o discurso eclesiástico que incutia na mente dos fiéis o medo e a intolerância a tudo aquilo que fugisse ás leis da santa amada igreja, o que acabava por  incentivar o ódio a tudo o que fosse de encontro aos seus ditames, começando uma saga para converter os hereges (lembremos da Guerra Santa e da fogueira da Sagrada Inquisição que matou milhares de pessoas que professavam uma religião ou seita “pagã” ou ainda dos inúmeros índios dizimados no Brasil e convertidos ao catolicismo) e controlar a sociedade através da tristeza e do medo.
Medo d’ Aquele que deveria protegê-lo e amá-lo mesmo que se decida percorrer um caminho diferente. Como pode o Deus de amor ser tão cruel com um filho seu ao ponto de puni-lo com a morte? Acerca desta reflexão Espinosa escreveu em sua obra Ética: “A piedade, ó Deus imortal, e a Religião consistem em mistérios absurdos e são os que condenam absolutamente a razão, os que têm aversão e rejeitam o entendimento como coisa corrompida por natureza, são esses, suprema iniqüidade, que passam por possuir a luz divina. Certamente que, se eles tivessem uma centelha que fosse da luz divina, não andariam tão cheios de soberba idiota e aprenderiam a honrar a Deus e distinguir-se-iam dos outros pelo amor, da mesma forma que agora se distinguem pelo ódio. Nem perseguiriam com tanta animosidade os que não partilham de suas opiniões; pelo contrário, sentiriam piedades deles (se é, de fato, a salvação alheia e não a própria fortuna que os preocupa) Além disso, se realmente tivessem alguma luz divina, ela ver-se ia pela sua doutrina”.
Espinosa ainda jovem, com vinte e poucos anos, retira a tela do confessionário e revela que ali se encontra um homem igual aos outros e sem divindade alguma, um homem que descobriu que pode controlar a massa distorcendo as palavras do verdadeiro Deus para com isso conseguir benefícios particulares, poder e até mesmo riqueza.
Um homem que garante ao seu rebanho de fiéis uma recompensa pós-morte por toda uma vida de sacrifícios, temores e incertezas. Um homem que incentiva o preconceito a outras religiões e estilos de vida, incentivando o desejo de ver o ímpio sofrer no inferno enquanto o “verdadeiro cristão” vive feliz e em paz no céu ao lado de Deus.
Este Deus “extramoral” defendido por Espinosa foi e ainda é duramente criticado pela classe religiosa, mas que consiste apenas num Deus de amor que protege seus filhos independente de raça, cor, classe social ou mesmo religião. Um Deus que preza a tolerância e o respeito entre os homens. Espinosa diz ainda: “A verdadeira felicidade e beatitude do indivíduo consiste unicamente na fruição do bem e não, como é evidente, na glória de ser o único a fruir quando os outros dele carecem; quem se julga mais feliz só porque é o único que está bem, ou porque é mais feliz e mais afortunado do que os outros, ignora a verdadeira felicidade e a beatitude”.
Este foi Barouch Espinosa, descendente de judeus que buscou refúgio na Holanda fugindo da Santa Inquisição Portuguesa, um estudante brilhante que desde muito cedo se destacou dos demais por formular opiniões e fomentar discussões contrárias aos ditames rigorosos proferidos nos sermões das igrejas, porém suas idéias não agradaram e com apenas 24 anos o jovem foi excomungado e abandonado por seus familiares. Morreu vitima da tuberculose aos 44 anos em uma aldeia holandesa trabalhando como fabricante e polidor de lentes.
Espinosa foi acima de tudo um defensor de um Deus de amor e da igualdade entre os irmãos. Um pensador, filósofo e crítico que se dispôs a enfrentar os homens da igreja para defender e libertar as massas através do raciocínio, da lógica, da argumentação e, sobretudo da fé, da fé em Deus e da fé nos homens!
                                       

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